Energias renováveis, como a eólica, estão no foco dos empréstimos do BNDES.

Em 2006, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma linha de crédito voltada a empresas de pequeno e médio porte que quisessem aplicar em projetos socioambientais, e após dois anos a iniciativa pode ser considerada bem-sucedida: o segmento já responde por 40% dos empréstimos nessa área. A lista de empresas financiadas abrange companhias de energias renováveis, alimentos orgânicos e madeira com certificação florestal.

“Podemos traduzir (esses números) em mais produção e menos impactos socioambientais”, afirma Mauro Ambrósio, sóciodiretor de sustentabilidade da BDO Trevisan. Segundo ele, os números reforçam uma tendência mundial: “Nenhuma corporação garantirá sustentabilidade se não houver investimentos em projetos socioambientais”, ressalta. A visão sustentável beneficia a empresa não só na compra de crédito para o financiamento de projetos, mas também por fortalecer suas estruturas no mercado. “Pode significar também o fim da informalidade, maior transparência e preocupação com o bem-estar dos stakeholders (indivíduos ou grupos que afetam ou são afetados pelos objetivos da empresa – N. da R.)”, ressalta Ambrósio.

Natureza remontada na Escócia

Reconstruir um ecossistema inteiro é possível? Os escoceses poderão acompanhar uma experiência dessas de perto: o latifundiário Paul Lister pretende reintroduzir em sua propriedade de mais de 9.300 hectares nas Highlands espécies já extintas nas Ilhas Britânicas. O projeto inclui animais como alce (não visto por ali há mais de mil anos), javali (cuja criação já foi iniciada por Lister), urso-pardo, lobo e lince. Quanto à flora, o proprietário já começou a plantar 80 mil árvores nativas da área, como nogueira, zimbro e bétula.

Cheio de boas intenções, Lister quer reintroduzir predadores como o lobo e o urso-pardo para controlar a crescente população local de cervos-vermelhos, que estão esgotando as pastagens. O javali também volta àquele habitat por uma boa razão: ao escavar o solo em busca de alimentos, ele solta a terra e ajuda as árvores a crescer. Mas o projeto tem opositores com argumentos igualmente sensatos. Os fazendeiros vizinhos, por exemplo, preocupam-se com a segurança de suas criações e exigem que os animais de Lister fiquem dentro de cercas. Se isso for feito, a propriedade estaria caracterizada como um enorme zoológico – o qual, por lei, não pode deixar predadores e presas convivendo abertamente. Mas Lister não se abate: “Sempre haverá gente dizendo: ‘Isso não vai funcionar. Ele é um maluco, etc. e tal.’ Mas, conforme a maioria das pessoas puder ver o que estamos tentando fazer aqui, então acontecerá.”

Matas ciliares paulistas serão recuperadas

Um programa coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente (SMA) paulista vai reforçar muito a cobertura florestal do Estado. Em até 25 anos, o Projeto Estratégico Mata Ciliar pretende recuperar 1,7 milhão de hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs) nas margens de rios, córregos, nascentes e reservatórios de água – uma área que corresponde, hoje, a 50% do território ocupado pelo que restou de florestas nativas. Para atingir essa meta, a SMA já vem trabalhando numa série de ações, uma delas voltada especificamente para a área de reservatórios. Só o perímetro das represas paulistas supera 10 mil quilômetros, mais do que a costa brasileira. “Reflorestar as bordas das represas ajuda a antecipar a recuperação florestal do Estado e é de interesse das empresas”, afirma Helena Carrascosa von Glehn, coordenadora do projeto.

Empresas de energia e saneamento, proprietários e posseiros rurais e companhias florestais do setor de papel e celulose já estão sendo notificados para informar qual é a situação das áreas ciliares nas marginais aos reservatórios. Uma vez alcançado o objetivo, a área ocupada por florestas saltará de 13,9% para 20% do território paulista.