Um projeto arqueológico conduzido por pesquisadores poloneses e omanis no vale de Qumayrah, no norte de Omã, terminou a temporada de 2021 com uma descoberta inesperada num dos aposentos escavados: um tabuleiro de jogo de 4 mil anos. O tabuleiro é feito de pedra e tem campos marcados e buracos para encaixe de peças. Jogos baseados em princípios semelhantes eram usados durante a Idade do Bronze em muitos centros econômicos e culturais da época.

“Achados como esse são raros, mas vários exemplos são conhecidos na Índia, Mesopotâmia e até na bacia do Mediterrâneo Oriental. O exemplo mais famoso de um tabuleiro de jogo baseado em um princípio semelhante é o das sepulturas de Ur”, afirmou o arqueólogo Piotr Bieliński, da Universidade de Varsóvia (Polônia), que lidera o projeto “O desenvolvimento do assentamento nas montanhas do norte de Omã nas Idades do Bronze e do Ferro” ao lado de seu colega omani dr. Sultan al-Bakri, diretor geral de Antiguidades do Ministério do Patrimônio e Turismo do Sultanato de Omã.

Na mais recente temporada de escavações, os pesquisadores se concentraram em assentamentos da fase Umm an-Nar da Idade do Bronze e da Idade do Ferro II situados perto da vila de Ayn Bani Saidah, estrategicamente localizada num entroncamento por que passam rotas para cidades ao sul, ao norte e para o litoral, a leste. Descobertas anteriores na região indicavam que poderia haver boas surpresas ali, e as suspeitas foram confirmadas.

Fundição de cobre

Um assentamento da Idade do Bronze de cerca de 5 mil anos inclui pelo menos quatro torres, três redondas e uma angular. “Uma das torres redondas não era visível na superfície, apesar de seu grande tamanho de até 20 m de diâmetro. Só foi descoberta durante as escavações”, disse a drª Agnieszka Pieńkowska, do Centro de Arqueologia Mediterrânea da Universidade de Varsóvia, que está analisando os restos da Idade do Bronze no projeto. “A função dessas estruturas proeminentes presentes em muitos locais de Umm an-Nar ainda precisa ser explicada.”

Outros achados foram feitos em edifícios diferentes. “Finalmente encontramos provas da fundição de cobre, assim como alguns objetos de cobre. Isso mostra que nosso assentamento participava do lucrativo comércio de cobre pelo qual Omã era famoso na época, com menções ao cobre de Omã presentes nos textos cuneiformes da Mesopotâmia”, disse Bieliński.