O telescópio espacial mais poderoso do mundo, o James Webb, decolou neste sábado (25/12) da Terra, após vários atrasos causados ​​por problemas técnicos.

Três décadas depois do começo de sua construção, o revolucionário telescópio infravermelho de 9 bilhões de dólares partiu no alto do compartimento de carga do foguete Ariane 5, da Base de lançamento da Agência Espacial Europeia (ESA), na Guiana Francesa.

O lançamento impecável do dia de Natal, com uma contagem regressiva conduzida em francês, foi transmitido ao vivo em um webcast conjunto entre a Nasa e a ESA.

Depois de 27 minutos de viagem, o instrumento foi desacoplado do estágio superior do foguete construído na França e deve gradualmente se desdobrar até quase o tamanho de uma quadra de tênis ao longo dos próximos 13 dias, enquanto navega ao seu destino.

O telescópio viajará até se situar a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, quatro vezes mais longe que a Lua, e de lá oferecerá uma visão inédita do universo.

Para se ter uma ideia, o Hubble, maior telescópio em operação, está a 600 quilômetros da Terra desde 1990, entrando e saindo da sombra do planeta a cada 90 minutos.

A localização da órbita do James Webb é chamada de ponto Lagrange 2 e foi escolhida, em parte, porque manterá a Terra, o Sol e a Lua todos no mesmo lado de seu escudo solar.

O telescópio é resultado de uma colaboração entre a Nasa, a ESA e a Agência Espacial do Canadá (CSA). A previsão é de que demore um mês para chegar ao seu destino e que comece a operar com toda sua capacidade em junho de 2022.

Começo do universo

Espera-se que o James Webb envie à Terra novas informações que ajudarão os cientistas a entender mais sobre as origens do universo e de planetas semelhantes à Terra, além do nosso sistema solar.

Nomeado em homenagem a um ex-diretor da Nasa, o James Webb segue os passos do lendário Hubble – mas pretende mostrar aos humanos como o universo era ainda mais perto de seu nascimento, quase 14 bilhões de anos atrás.

Falando nas redes sociais, um dos cofundadores do projeto Webb, John Mather, descreveu a sensibilidade sem precedentes do telescópio: “Pode ver a assinatura de calor de uma abelha à distância da Lua”.

Todo esse poder é necessário para detectar o brilho fraco emitido há bilhões de anos pelas primeiras galáxias a existir e pelas primeiras estrelas em formação.

Tamanho incomparável

O telescópio é incomparável em tamanho e complexidade. Seu espelho mede 6,5 metros de diâmetro – três vezes o tamanho do espelho do Hubble – e é feito de 18 seções hexagonais.

Além de examinar a formação das primeiras estrelas e galáxias do universo, os astrônomos estão ansiosos para estudar buracos negros supermassivos, que se acredita ocuparem os centros de galáxias distantes.

Os instrumentos do James Webb também o tornam ideal para procurar evidências de atmosferas que supostamente possam sustentar vida em dezenas de exoplanetas recentemente documentados – corpos celestes orbitando estrelas distantes – e para observar mundos muito mais próximos de casa, como Marte e a lua gelada de Saturno, Titã.

le (afp, reuters, efe, ots)