Além de um pigmento mineral, sangue humano e clara de ovo de aves compunham a tinta que recobria a máscara milenar de ouro de um líder da cultura Sicán encontrada há três décadas em uma tumba no norte do Peru. Na época, o pigmento vermelho-escuro da tinta foi identificado como cinábrio, mineral contendo mercúrio. Faltava conhecer os ingredientes que permitiam a adesão do pigmento ao metal.

Pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, entre eles a química brasileira Luciana Costa Carvalho, examinaram agora uma amostra da tinta usando diferentes técnicas. Concluíram que ela contém sangue humano e aglutinantes da clara de ovo.

A identificação das proteínas do sangue apoia a hipótese de que o arranjo dos esqueletos na tumba – o homem enterrado de cabeça para baixo com duas mulheres em posição de parto e duas crianças – representaria um renascimento desejado do falecido líder e o sangue aplicado à máscara e a seu corpo, a sua força vital (Journal of Proteome Research, outubro de 2021).

* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.