Depois de cerca de meio século de estudos, um tipo de tomate australiano parente da berinjela encontrado no norte e noroeste do país foi finalmente identificado, segundo um artigo divulgado na publicação científica “PhytoKeys” e noticiado na revista “Cosmos”. Pesquisadores americanos e australianos lhe deram o nome científico de Solanum plastisexum, uma referência à sua transexualidade.

Popularmente conhecida na Austrália como tomate-do-mato Dungowan, a planta intrigava os estudiosos sobretudo porque suas flores não se encaixavam nas normas de gênero botânicas: algumas pareciam ser femininas, outras masculinas e outras ainda uma combinação de ambas.

A dúvida existente desde os anos 1970, época da descoberta desse tomate, foi solucionada por uma equipe liderada por Angela McDonnell, da Universidade Bucknell, na Filadélfia (EUA). Segundo os cientistas, em seu artigo para a “PhytoKeys”, o nome Solanum plastisexum “não é apenas um reflexo da diversidade de formas sexuais vistas nessa espécie. É também um reconhecimento que essa planta é um modelo para o tipo de fluidez sexual presente em todo o reino vegetal – onde praticamente qualquer tipo de forma reprodutiva que alguém possa imaginar (dentro das restrições do desenvolvimento da planta) está presente”.

Os pesquisadores prosseguem: “De certa forma, a S. plastisexum não é apenas um modelo para a diversidade da forma sexual/reprodutiva vista entre as plantas – é também uma evidência de que tentativas de reconhecer uma condição sexual ‘normativa’ entre os seres vivos do planeta é problemático. (…) Quando se considera o alcance da vida na Terra, a noção de um (gênero) binário sexual constante consistindo de duas formas distintas e desconectadas é, fundamentalmente, uma falácia”.