Órgão regulador de mídia da Turquia bloqueia acesso aos sites da DW em todos os idiomas depois de exigir que licença fosse solicitada. A emissora pública alemã diz que planeja tomar medidas legais.O Conselho Supremo de Rádio e Televisão da Turquia (RTUK) bloqueou os sites da emissora pública alemã Deutsche Welle (DW), apontando questões de licença como justificativa.

Os sites da DW em seus 32 idiomas, incluindo turco, juntamente com os da emissora internacional Voice Of America, saíram do ar na Turquia nesta quinta-feira (30/06).

Em fevereiro, o órgão regulador de mídia turco pediu à DW e a outros meios de comunicação internacionais que solicitassem permissões de transmissão, de acordo com uma lei de mídia de 2019. Caso contrário, “enfrentariam uma proibição de transmissão” e teriam seus sites bloqueados.

Em comunicado, a DW disse que não solicitou a permissão, pois “a licença permitiria ao governo turco censurar conteúdo editorial”.

“Nós descrevemos em uma extensa correspondência e em uma conversa pessoalmente com o presidente da autoridade de controle de mídia por que a DW não poderia solicitar tal licença. Por exemplo, a mídia licenciada na Turquia é obrigada a excluir conteúdos online que a RTUK considere inapropriados. Isso é simplesmente inaceitável para uma emissora independente”, afirmou o diretor-geral da DW, Peter Limbourg. “A DW tomará medidas legais contra o bloqueio”, acrescentou.

Ao lado de outras emissoras internacionais, a DW é um dos poucos meios de comunicação remanescentes pelos quais as pessoas na Turquia ainda podem obter informações independentes. Além da DW, a Voice of America e a Euronews, com sede na França, também receberam o aviso para solicitar licenças.

Seguindo a lei de 2019, a DW estabeleceu um escritório de contato na Turquia e está registrada no ministério turco competente desde fevereiro de 2020.

O conselho de dez membros da RTUK é dominado pelo partido conservador AKP – do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan – e pela sigla aliada de extrema direita MHP.

A Turquia passou por uma série de repressões a vozes independentes e dissidentes na mídia e entre acadêmicos desde uma tentativa de golpe contra o governo Erdogan, em 2016.

le/lf (ots)