Fazia cinco anos que ele não dava as caras. Agora voltou, muito mais avassalador, e deve perdurar até março de 2016, segundo cientistas americanos e australianos. O El Niño é um fenômeno que provoca o aquecimento das águas do Oceano Pacífico e afeta o clima no mundo todo. Em geral, ele piora condições preexistentes. Locais com muita incidência de chuvas devem se preparar para inundações. Áreas sujeitas a secas convertem-se em desertos.

A Nasa já mostrou que as secas favorecidas pelo El Niño estimulam incêndios nas florestas, um dos grandes fatores de poluição atmosférica. “Tudo indica que o El Niño atual será um dos mais fortes desde 1950”, diz Mike Halpert, diretor do centro de previsões climáticas da Agência Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA. Com base no fenômeno anterior, há razões para preocupação. Em 2010, houve secas excepcionais na Austrália, nas Filipinas e no Equador, tempestades nos EUA, inundações no México e fortes ondas de calor no Brasil.

Para Karla Longo, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a intensificação das ilhas de calor é a consequência mais nefasta do fenômeno no Brasil. Sobretudo no Nordeste, que deve sofrer ainda mais com secas. No Sul, são esperadas chuvas torrenciais. Os reflexos na crise hídrica paulista são incertos. Felizes com o El Niño por aqui, só os produtores de soja e milho do Sul e Sudeste, que esperam ser beneficiados por um verão mais úmido.