Empregar pronomes de gênero neutro reduz a probabilidade de pessoas favorecerem os estereótipos masculinos e melhora a visão sobre mulheres e pessoas LGBT+, indica um estudo americano publicado na revista “PNAS” e abordado pelo jornal “The Independent”.

O trabalho analisou o impacto de pronomes neutros em termos de gênero na opinião de 3.393 suecos. Em 2015, a Academia Sueca anunciou a introdução, no dicionário oficial da língua do país, do pronome hen com neutralidade de gênero. O termo fica ao lado de han (ele) e hon (ela).

Os participantes do estudo receberam inicialmente um desenho de uma figura passeando com um cachorro. Foram então divididos em três grupos e convidados a preencher uma sentença descrevendo o que lhes parecia estar acontecendo na imagem.

LEIA TAMBÉM: A união faz a força

Um grupo foi informado de que só podia usar pronomes neutros em suas descrições. O segundo ficou limitado a pronomes femininos, enquanto o terceiro só podia empregar pronomes masculinos.

A seguir, os pesquisadores, das universidades Washington (de Saint Louis) e da Califórnia pediram aos voluntários que completassem um conto em três frases sobre uma pessoa que concorria a um cargo político e atribuir-lhe um nome próprio. O texto principiava assim: “Hoje, conheci uma pessoa que está interessada em concorrer a cargos políticos. A pessoa é …”

 

Sentimentos melhores

Os participantes também tinham de responder a perguntas que analisavam seus pontos de vista sobre mulheres e pessoas LGBT+ em assuntos públicos.

Os dados obtidos mostraram que os participantes que usaram pronomes neutros em termos de gênero durante a tarefa de descrição dos desenhos eram mais propensos a empregar nomes não masculinos em seu conto.

Os pesquisadores descobriram também que o pronome sueco hen, neutro com relação ao gênero, parecia melhorar os sentimentos positivos em relação às mulheres e às pessoas LGBT+. Sua conclusão foi que a palavra ajudou a lidar com atitudes que favorecem os homens e conscientizaram os participantes sobre outros gêneros.

“Vamos supor que existem sociedades que geralmente concordam em ser mais inclusivas de mulheres e indivíduos LGBT+, e há mais do que algumas”, diz Efrén Pérez, professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles e coautor do estudo. “Nossas descobertas sugerem que as palavras que escolhemos usar podem nos deixar um pouco mais perto de conseguir esse ideal.”

No mês passado, a cidade de Berkeley, na Califórnia, aprovou uma portaria para proibir o uso de linguagem específica de gênero em seu código municipal. O novo regulamento significa que termos como “bombeiro” (fireman, em inglês) dão lugar a outros de gênero neutro.