Com uma população total de mais de 275 mil habitantes, Vanatu é responsável por menos de 0,1% dos detritos plástico encontrados nos oceanos, de acordo com as estatísticas globais de resíduos. Calcula-se que as nações insulares do Pacífico, como um todo, contribuam com menos de 1% dos resíduos plásticos mal administrados do mundo que se acumulam nos oceanos atualmente. Mas as correntes marítimas acabam levando um percentual muito maior disso a esses lugares. Por isso, a pequena Vanatu quer se tornar um grande exemplo no combate dessa questão mundial.

O ministro das Relações Exteriores do país, Ralph Regenvanu, anunciou na semana passada que o governo vai expandir a proibição atual para incluir uma enorme quantidade de produtos descartáveis de plástico. Entre eles estão fraldas descartáveis, talheres de plástico e embalagens de produtos alimentícios. Essa próxima onda de proibição deverá entrar em vigor em dezembro.

Vanuatu proibiu sacos plásticos descartáveis, canudinhos e embalagens de isopor em julho passado. Os empresários e compradores tiveram apenas alguns meses para se prepararem, e os infratores agora enfrentam multas entre US$ 175 e US$ 900 por ofensa. Os moradores têm sido surpreendentemente receptivos à medida, e os legisladores estão agora se preparando para restringir mais produtos descartáveis.

Ao superarem as facilidades e conveniências dos plásticos, os líderes de Vanuatu esperam estabelecer um exemplo para o resto do mundo – principalmente para os maiores consumidores de plástico do mundo, como os Estados Unidos.

Ilha Henderson, uma das mais remotas ilhas do Oceano Pacífico: quase 18 toneladas de plástico (Foto: Divulgação)

Mas o plástico não desapareceu completamente. Garrafas de água descartáveis ​​ainda são comuns e não estão incluídas na proibição atual. O país tem apenas um programa de reciclagem incipiente que os moradores categorizam como “frustrante”. E embora haja um esquema de retorno de garrafa que oferece 4 centavos por recipiente vazio, as garrafas de água geralmente acabam em lixões locais.

No aterro de Bouffa, no lixão de Port Vila e no resto da ilha de Éfaté, o lixo plástico é visível em toda parte. Roy Alick, que trabalhou no lixão por dez anos, diz que costumava ser pior. Ele notou imediatamente os efeitos da proibição: quase da noite para o dia, havia muito menos plástico descartável no lixo da ilha. Mas ele disse que ainda há um longo caminho a percorrer.

Apesar dos melhores esforços de Vanuatu, o país ainda vê tampas de garrafas velhas e pacotes de salgadinho em suas praias. Regenvanu culpou a proximidade do país com outras nações com infraestrutura de resíduos limitada ou quase inexistente, para lidar com suas próprias montanhas de lixo plástico.