Belas ilhas urbanas na laguna de Veneza.

O bilionário sistema anti-inundações Mose, parcialmente concluído, não está conseguindo evitar o afundamento de Veneza. Pesquisa da Universidade da Califórnia, publicada em março na revista Geochemistry, Geophysics, Geosystems, revela que a cidade construída sobre um arquipélago da Laguna di Venezia submerge em média 2 milímetros por ano, cinco vezes mais rápido do que se pensava. O afundamento é mais acelerado no leste e nas ilhas ao sul do arquipélago de 270 mil habitantes e valor histórico incalculável. Para os cientistas, o fenômeno decorre de causas naturais e da secular intervenção humana na laguna. Namorados que desejam conhecer a cidade sem molhar os pés devem se apressar.

Dor sob controle

Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (EUA) mapearam, pela primeira vez em detalhes, a estrutura de dois dos quatro tipos de receptores de opioides, moléculas de proteína relacionadas com o controle da dor e a sensação de bem-estar, além de serem o “alvo” de drogas como a morfina e a heroína. O mapeamento, feito em três dimensões, deverá acelerar a criação de remédios para doenças como depressão e dor crônica, e abrir uma nova frente de combate ao vício em drogas

 

 

Bilhões de Superterras

A partir de dados colhidos por observações do espectrógrafo Harps, instalado no Observatório de La Silla, do European Southern Observatory (ESO), uma equipe internacional de astrônomos concluiu que há dezenas de bilhões de “Superterras” (planetas rochosos não muito maiores que o nosso) orbitando em torno de anãs vermelhas na Via Láctea. As anãs vermelhas constituem 80% dos 160 bilhões de estrelas da nossa galáxia. Os pesquisadores esperam localizar esses planetas com a ajuda do Harps e de outros aparelhos.

Guerra ao cigarro

O relatório da Fundação Mundial do Pulmão e da Sociedade Americana do Câncer no 10º aniversário da publicação Atlas do tabaco mostra que o fumo continua a ser um terrível inimigo da saúde. Se as tendências atuais se confirmarem, 1 bilhão de pessoas morrerão no século 21 por consumo ou exposição ao tabaco – uma a cada seis segundos. Atualmente, 35% dos fumantes mundiais e dos lucros da indústria se concentram na China, onde as campanhas antitabagistas são precárias. Segundo o Atlas, o setor atua vigorosamente contra as políticas antitabagistas, adiando ou congelando medidas mitigatórias, como restrições à publicidade, advertência em embalagens ou proibição do consumo em locais públicos. Em março, a Food and Drug Administration, dos Estados Unidos, determinou que em 2013 os fabricantes de cigarros terão de relatar “de forma acessível ao público” as quantidades dos 20 ingredientes associados a risco de câncer e danos à saúde presentes no produto, cientificamente fabricado para causar vício.

 

9 mil a mais

Um novo estudo sobre a hidrelétrica de Belo Monte (PA) revelou que 25,4 mil pessoas serão afetadas pela obra, 9 mil a mais do que a empresa Norte Energia, responsável pelo projeto, informara. O trabalho do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará se baseia num marco topográfico homologado pelo IBGE, medida diferente do estudo apresentado pela empresa. A partir dele, os pesquisadores afirmam que o Rio Xingu subirá 90 centímetros acima do previsto, afetando mais gente.

Plástico autoimune

Um plástico semelhante à pele, desenvolvido por cientistas da Universidade do Sul do Mississippi (EUA), é capaz de “sangrar” quando cortado ou arranhado e se recompor sozinho. Logo após um corte, a área ferida fi ca vermelha, imitando o que ocorre com a pele humana; por meio de reações à luz ou por mudanças na temperatura ou na acidez, o material restabelece as ligações moleculares rompidas e “se cura”. O novo plástico pode ser útil em incontáveis aplicações, em peças de celulares, automóveis ou aviões, segundo os inventores.

Estresse cerebral

Episódios intensos de estresse causados pelo fi m de um relacionamento ou perda amorosa podem encolher o cérebro, afi rma a neurobióloga Rajita Sinha, da Universidade Yale (EUA). A cientista descobriu que a redução é mais frequente na área do córtex pré-frontal, que regula as emoções, o autocontrole, a pressão arterial e os níveis de açúcar no sangue. Um sinal de alerta para a possibilidade de doenças como hipertensão e distúrbios psíquicos.

Superpopulação de carros

Dona de uma frota de mais de 7,2 milhões de veículos, São Paulo está reduzindo aceleradamente o número de vagas disponíveis nas ruas e avenidas. O resultado só poderia ser uma crescente difi culdade para estacionar. Desde 2009 a prefeitura proibiu o estacionamento em vias de cinco bairros (Jardins, Itaim Bibi, Pinheiros, Vila Olímpia e arredores da Avenida Luiz Carlos Berrini). Segundo as autoridades, a queda no número de vagas “ajuda a aumentar a fl uidez do trânsito”, criando mais faixas para circulação, além de “inibir o uso dos carros”, pois o preço dos estacionamentos privados é alto (na Avenida Paulista, por exemplo, uma hora de estacionamento já custa R$ 20). Os efeitos positivos da medida, porém, parecem pouco perceptíveis. Para especialistas como o urbanista Cândido Malta, a solução mais viável seria implantar o pedágio urbano, instalando sensores de cobrança automática nos carros. Donald Shoup, professor da Universidade da Califórnia e autor de The High Cost of Free Parking (“O Alto Custo do Estacionamento Gratuito”), sugere outra alternativa, adotada em Nova York e São Francisco: cobrar ainda mais caro pelo estacionamento nas ruas.

 

Novo templo paulistano

O Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP ganhou um endereço nobre, à altura dos seus “moradores”: 10 mil obras que incluem assinaturas de Matisse, Modigliani, Tarsila do Amaral, Volpi, Di Cavalcanti (como a tela Beijo, no detalhe acima) e Picasso (como o quadro Figuras, no detalhe abaixo). O acervo todo está de mudança para um edifício projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1951, situado ao lado do Parque do Ibirapuera, na capital paulista. Depois de passar quase 50 anos servindo ao Departamento de Trânsito paulista (Detran-SP), o belo prédio foi restaurado para voltar às feições originais, ao custo de R$ 76 milhões e dois anos de obras. Sorte de São Paulo.

 

Cometa demiurgo

A teoria de que a vida surgiu na Terra a partir de cometas e asteroides ganhou força com estudos do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, que simularam as condições do bombardeio do planeta por esses corpos celestes. As experiências mostraram não só que os aminoácidos (moléculas que compõem as proteínas) trazidos resistiam aos impactos, mas também que o próprio choque já fornecia a energia necessária para ligá-los, favorecendo a criação de proteínas – base da vida orgânica.