Pompeia restaurada

Negligenciada em função da crise econômica italiana, a preservação de Pompeia, patrimônio da humanidade soterrado pelo vulcão Vesúvio no ano 79, ganhou, enfim, um plano de recuperação: a partir de 2014, o governo de Roma, a União Europeia, a Unesco e instituições acadêmicas alemãs investirão 10 milhões de euros, durante dez anos, para impedir que a cidade “fique ainda mais em ruínas”. A Unesco já havia alertado a Itália, em janeiro, que Pompeia sofria com falta de funcionários, danos estruturais e vandalismo e, em junho, advertiu que?o caso exigia medidas urgentes até o fim do ano. Roma parece ter entendido o recado: ao custo de 105 milhões de euros está pondo em prática um extenso plano de recuperação da cidade em parceria com a União Europeia. Também anunciou um novo diretor-geral para o “Grande Projeto de Pompeia”, que pretende ampliar as restaurações e aumentar de 300 mil para 2,7 milhões o número anual de turistas até 2017.

 

Relógio inteligente

Depois dos smartphones, os celulares de mil e uma utilidades, chegou a vez dos relógios de pulso turbinados. A sul-coreana Samsung apresentou em setembro, numa feira de tecnologia em Berlim (Alemanha), o galaxy gear, um smartwatch quase tão abastecido de funções quanto os celulares. Além de marcar as horas, o aparelho é capaz de fazer fotos e vídeos de até dez segundos, enviar mensagens por comandos de voz e realizar e receber ligações telefônicas. O galaxy gear tem preço previsto de US$ 299 nos Estados Unidos. Mas, no Brasil, não deverá sair por menos de R$ 1.300 – devido aos percalços do chamado “custo Brasil”.

Crime de desperdício

Alimentar a crescente população mundial seria mais fácil se um terço dos alimentos produzidos não fosse desperdiçado, afirmou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em um relatório divulgado em setembro. Segundo o estudo, o volume de alimentos não aproveitados, avaliado em US$ 750 bilhões anuais, responde pela emissão de 3,3 gigatoneladas de gás carbônico (essa emissão só é superada, referente a países, pela China e pelos EUA) e pelo consumo de 250 quilômetros cúbicos de água. “A redução do desperdício alimentar não apenas evitaria a pressão sobre recursos naturais escassos como reduziria a necessidade de aumentar em 60% a produção de alimentos para atender à demanda da população em 2050”, informa a FAO.

Travesseironautas

Um estudo da Nasa sobre os efeitos da microgravidade no organismo e na psique em voos de longa duração vai render cerca de US$ 5 mil mensais a cada voluntário. Não é preciso fazer muita coisa. O trabalho consiste em passar duas semanas no Johnson Space Center, em Houston, praticando atividades enquanto seu corpo é monitorado, e 70 dias deitado numa cama inclinada com acesso a livros, tevê, internet, computador e visitas. Banhos também são acessíveis, mas na cama. Na sequência, os voluntários terão 14 dias para readquirir a forma física. É o emprego dos sonhos de muita gente.

Aquífero pré-histórico

Cientistas descobriram um lençol de água situado a 2,4 quilômetros de profundidade, dentro de uma mina em Ontário, no Canadá, que pode ter estado isolado do resto do mundo há até 2,7 bilhões de anos. A água brotou a partir da perfuração de uma sonda. Análises químicas revelaram que ela tem pelo menos 1,5 bilhão de anos de idade e poderia abrigar micróbios primitivos. Os estudos sobre o local ajudarão na busca de possíveis formas de vida em Marte ou em Europa, uma das luas de Júpiter.

Raiva contagiosa na net

Cientistas chineses afirmam que a raiva é a emoção mais influente no mundo digital, atualmente espalhando-se rapidamente entre os usuários e provocando mais reações do que outros sentimentos. A conclusão foi obtida a partir da análise de 70 milhões de mensagens transmitidas durante seis meses pelo Weibo, o equivalente chinês do Twitter. Os textos foram divididos em quatro categorias (raiva, tristeza, alegria e aversão), a partir das palavras usadas pelos usuários, e sua repercussão foi calculada computando-se a rapidez e a frequência com que os seguidores respondiam manifestando sentimentos similares. O estudo, denominado Anger is More Influential Than Joy: Sentiment Correlation in Weibo (A Raiva é Mais Influente que a Alegria: Correlação de Sentimentos no Weibo), revelou ainda que a tristeza tem um efeito “trivial” sobre as outras pessoas.

Vestígios do império

Escavações nas obras da Linha 4 do metrô carioca revelaram um valioso arquivo arqueológico: 200 mil peças, inteiras ou em fragmentos, produzidas entre os séculos XVII e XIX. A descoberta foi feita num terreno próximo à antiga estação de trens da Leopoldina, uma área que servia de local de descarte ao ex-Palácio Imperial, situado no vizinho bairro de São Cristóvão. Uma das descobertas é uma escova de dentes em marfim e osso com a inscrição S M S M L’ Empereur du Bresil (Sua majestade, o imperador do Brasil), que deve ter pertencido a d. Pedro II ou a um membro da família real portuguesa. Há canecas com o brasão da família real, frascos de perfume e joias dos nobres da época do Império. “Podemos estar diante do mais importante sítio arqueológico da cidade”, diz o arqueólogo Cláudio Prado de Mello, responsável pela pesquisa.

Sono regenerador

Cientistas da Universidade de Wisconsin (EUA) descobriram uma nova qualidade do sono: ativar um gene que promove a produção de mielina, uma célula fundamental no processo de isolar os circuitos do cérebro e permitir a emissão de impulsos elétricos. No estudo, publicado em setembro no The Journal of Neuroscience, os pesquisadores constataram, em ratos, que dormir “liga” a produção de mielina, enquanto a privação de sono estimula genes envolvidos na morte celular e na resposta ao estresse. A descoberta abre novas frentes de estudo e sugere que a insônia pode agravar alguns sintomas da esclerose múltipla, doença que danifica a mielina.

Quem vai sustentar os velhinhos?

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluiu, no estudo Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade, que em 2 de dezembro de 2012 o país atingiu a marca de 200 milhões de habitantes. Em 1o de julho de 2013, éramos 201.032.714. Os novos números, que desbancam as previsões anteriores, estão relacionados a projeções baseadas nos censos de 2000 e 2010. A população brasileira dobrou de tamanho em quatro décadas, mas cresce num ritmo menor e, em 2043, deverá começar a diminuir, depois de chegar a 228 milhões. Em 2060, seremos 218 milhões de brasileiros, já com um perfil etário diferente do registrado hoje: enquanto em 2010 o formato era de pirâmide, com maioria de jovens, no futuro a faixa majoritária estará entre os 50 e os 60 anos de idade. O país terá sérios problemas na previdência social, pois cada grupo de três trabalhadores terá dois aposentados ou crianças para sustentar. Faça uma previdência privada para o seu filho já!

Clássico em cores

O elegante mármore branco das estátuas greco-romanas na verdade é um efeito do tempo. Na versão original as obras eram pintadas, afirma o arqueólogo alemão Vinzenz Brinkmann – e um tanto exuberantemente. Em 2003, numa exibição no museu Glyptothek, em Munique, o pesquisador mostrou como descobrir as cores aplicadas nas obras, no passado, por meio de um método que combina lâmpadas de alta intensidade com luz ultravioleta, gesso e materiais químicos. Segundo Brinkmann, os arqueólogos antigos sabiam que as estátuas e os templos greco-romanos eram coloridos, mas os estudiosos do século XX negligenciaram o fato. As cores vinham de corantes orgânicos como caseína ou ovo, que são destruídos por micro-organismos. O carnavalesco Joãozinho Trinta teria gostado.

Grão de areia no cosmos

Uma imagem da Terra divulgada pela Nasa põe a arrogância humana em seu lugar. Na foto, obtida pela sonda Cassini nos arredores de Saturno, a 1,45 bilhão de quilômetros de distância, nosso planeta é o humilde pontinho luminoso na parte inferior direita.

Vida sob gelo

A lama tirada do fundo do Lago Hodgson, na Península Antártica, contém micro-organismos ocultos há milênios sob o gelo, informaram em setembro pesquisadores da British Antarctic Survey na revista Diversity. O lago, com 93 metros de profundidade, é coberto por uma camada de gelo com espessura de tres a quatro metros, que já foi de 500 metros há milhares de anos. No material coletado, os cientistas britânicos encontraram uma bolha com micro-organismos vivos com 100 mil anos de idade e fragmentos fossilizados de DNA de vários tipos de micróbios adaptados às condições extremas da Antártida. Cerca de 25% das sequências genéticas identificadas não combinam com nada visto atualmente. Provavelmente, há formas de vida desconhecidas nos lagos antárticos.

Drible no jet lag

Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, encontraram uma maneira de combater o jet lag, a fadiga gerada em viagens aéreas que cruzam vários fusos horários. Eles “desregularam” o relógio circadiano (que sincroniza as funções corporais ao dia de 24 horas da Terra) do corpo de ratos e monitoraram a parte do cérebro responsável por reorganizá-lo, o núcleo supraquiasmático. Nessa região, os pesquisadores observaram que, enquanto centenas de genes ativados pela luz detectada pelo olho ajudam o corpo a se ajustar a um novo ritmo dia-noite, uma molécula específica, a SIK1, trabalha no sentido oposto, desativando a resposta às mudanças de luz. Dessa forma, atrasa sua adaptação. Com o bloqueio da ação dessa molécula, os ratos ajustaram-se mais rapidamente ao novo ritmo dia-noite. Apesar da descoberta, os cientistas britânicos avisaram: uma pílula contra jet lag ainda vai demorar um bom tempo.

Evolução cooperativa

A evolução não favorece o egoísmo, revela um estudo da Universidade Estadual de Michigan (EUA) divulgado na revista Nature. Baseados na Teoria dos Jogos Evolucionária, os pesquisadores disputaram “jogos” no computador que simulam cenários de traição e cooperação, ajustando estratégias para comparar quais comportamentos levam à sobrevivência. “Descobrimos que a evolução pune se você for egoísta e cruel”, diz Christoph Adami, líder dos cientistas. “Por um curto período e contra um grupo específico de oponentes, alguns organismos egoístas podem sair ganhando, mas o egoísmo não é sustentável evolutivamente.” A conclusão opõe-se à tese do livro O Gene Egoísta, do biólogo Richard Dawkins. Adami destacou ainda que a comunicação é fundamental para a cooperação: “Num ambiente evolucionário, com grupos de estratégias, você precisa de informação extra para distinguir umas das?outras”.