Usina inflável

Captar o vento poderoso das altitudes mais elevadas para produzir energia é o sonho da indústria de turbinas eólicas. A Altaeros Energies, empresa americana novata na área, desenvolveu uma tecnologia radical que pode tornar o sonho realidade: aerogeradores flutuantes. O primeiro piloto de uma usina comercial aérea será instalado ainda este ano em Fairbanks, no Alasca. A turbina geradora de 100 kilowatts será suspensa e envolvida por um balão cheio de hélio a 300 metros de altura, preso ao solo por cabos, um dos quais servirá como cabo condutor para abastecer cerca de dez casas. Em regiões remotas como o Alasca, os custos da energia são tão elevados que até uma tecnologia nova, mesmo não testada, acaba sendo economicamente viável. Mas a Altaeros vai testar o modelo durará 18 meses. O Departamento de Eletricidade do Alasca acredita que o usina inflável tem tudo para se expandir.

 

Baleeiros japoneses

A Corte Internacional de Justiça, principal órgão jurídico da ONU, determinou em 31 de março que o Japão paralise temporariamente a caça às baleias no Oceano Antártico. Em 1982, a Comissão  Internacional da Baleia estabeleceu uma moratória sobre a pesca comercial do cetáceo, autorizando a captura de um número limitado apenas para estudo. O Japão decidiu, no fim dos anos 1980, driblar a norma, autorizando a caça anual de centenas de baleias minke e de um número menor de outras espécies nos mares austrais para “fins científicos”. No processo encerrado em março, movido pela Austrália em 2010, os juízes concluíram que o programa japonês para o setor não tem fins científicos – de 2005 para cá, por exemplo, só duas pesquisas foram produzidas. O Japão acatou a sentença, que não permite recurso. Agora, os ambientalistas temem que os golfinhos (outro cetáceo cuja carne é apreciada pelos japoneses há séculos) venham a substituir as baleias.

 

Luto em Macondo

Em 17 de abril, faleceu na Cidade do México, aos 87 anos, o escritor colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014), patrimônio da literatura latino-americana, autor do romance Cem Anos de solidão. Lançado em 1967, a obra-prima que se passa na cidade imaginária de Macondo vendeu 50 milhões de cópias em 25 idiomas e criou um interesse mundial pelo realismo fantástico, gênero que permeava a obra de vários escritores, tais como o argentino Jorge Luis Borges e o mexicano Juan Rulfo. Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1982, Márquez também foi reconhecido como jornalista, seu ofício, e pela militância política. sua obra inclui ainda best sellers como Crônica de uma Morte Anunciada (1981) e o Amor nos tempos do Cólera (1985). Desde 1999, Gabo lutava contra um câncer linfático.

 

Pelados em Machu Picchu

Além dos danos causados a Machu Picchu pela visitação intensiva, o governo peruano enfrenta um novo problema: pessoas nuas em fotos e vídeos feitos no local. A moda parece ter surgido no fi m de 2013, com um casal de turistas, e ganhou fôlego com a popularidade do site My Naked Trip (Minha Viagem Pelado), no qual um israelense posa nu em Machu Picchu e em outros pontos turísticos sul-americanos. Nas últimas semanas, quatro americanos, quatro canadenses e dois australianos foram fl agrados sem roupa na montanha. As autoridades peruanas querem proibir a prática, antes de virar febre, e enrijecer as normas de visitação ao lugar, autorizando a entrada apenas mediante a contratação de um guia local. Além disso pretendem limitar a apenas três as rotas abertas a turistas.

 

Primo cósmico

O telescópio espacial Kepler, da Nasa, conseguiu seu mais brilhante feito: descobriu o planeta mais parecido com a terra já encontrado em zona habitável, aquela em que as temperaturas permitem a existência de água em estado líquido e de vida como a conhecemos. o distante Kepler-186f, a cerca de 500 anos-luz da terra, é 10% maior que o nosso planeta e completa um giro ao redor de sua estrela em 129,9 dias terrestres. É o sexto planeta do sistema liderado pela anã vermelha Kepler- 186, que é menor e menos quente que o sol. Muito ativa, a Kepler-186 envia doses gigantescas de radiação aos planetas em sua órbita. Ao anunciar a descoberta, em 17 de abril, a revista science saudou-a com um tom de esperança: “trata-se de um marco no caminho para descobrir planetas habitáveis”.

 

Lavagem com bolhas

Deixar a roupa limpa pode exigir muito menos água se uma nova tecnologia criada pelo químico inglês stephen Burkinshaw, da Universidade de Leeds, chegar ao comércio. A lava-roupa concebida por Burkinshaw usa milhares de bolhinhas de plástico reutilizáveis e recicláveis para fazer o grosso do trabalho. As bolhas absorvem a sujeira, reduzindo muito o consumo de água e sabão. A Xeros, empresa inglesa dona da tecnologia (da qual o químico e a universidade são acionistas), planeja voltar-se para lavanderias industriais, mas já desenvolveu um protótipo para uso doméstico. Ela anunciou planos para vender cerca de R$ 390 milhões em ações, o que deverá facilitar a chegada do produto ao mercado.

 

Muito cuidado com os homens

O moa, uma desajeitada ave gigante sem asas, com até 3 metros de altura e 250 quilos de peso, da Nova Zelândia, foi extinto pela ação humana, afi rmam cientistas da Curtin University, da Austrália, na revista PNAS. Até então, havia várias hipóteses para explicar o desaparecimento: a espécie já estava em declínio antes de o povo indígena maori chegar às ilhas, teria sido afetada por erupções vulcânicas ou dizimada por doenças. A análise genética de 281 fósseis revelou que a população de moas era “extremamente estável durante 5 mil anos”. Uma das espécies, o moa gigante da Ilha do Sul estava em expansão quando os maoris chegaram ao arquipélago, no século XVI. Depois disso, as aves “simplesmente desapareceram”, segundo Morten Allentoft, autor do estudo. Índios não são ecologistas.

 

Oceano subterrâneo

Há um enorme reservatório de água entre 410 e 660 quilômetros abaixo de toda a superfície da terra, afirrmam cientistas da Universidade de Alberta (Canadá). Em artigo publicado em março na revista Nature, eles mostram, como evidência dessa hipótese, um diamante de cinco milímetros achado em Juína, em Mato Grosso. segundo Graham Pearson, líder do estudo, a rocha é feita de ringwoodita, um mineral raro oriundo da zona de transição entre as camadas superior e inferior do manto terrestre. A análise da pedra revelou que 1,5% do seu peso é água, na forma de íons hidróxidos (moléculas de oxigênio e hidrogênio unidas). Já encontrada em meteoritos, mas nunca na crosta da terra, a ringwoodita é a forma assumida pela olivina, o principal mineral do manto superior, quando submetida à alta pressão decorrente da profundidade. A pedra matogrossense provavelmente veio à superfície numa erupção vulcânica. Para Pearson, a zona de transição “pode conter tanta água quanto todos os oceanos juntos”, um fato que infl uenciaria o vulcanismo e os movimentos das placas tectônicas.

 

Piloto mental

Comandar objetos com a mente está deixando de ser coisa de ficção científica. Pesquisadores da Universidade de Minnesota (EUA) criaram uma interface de cérebro-computador (sistema que permite comunicação direta do cérebro com um aparelho externo) que capacita o usuário a dirigir o voo de um modelo de quadricóptero (aeronave com quatro motores) só com a mente. A interface é um capacete com 64 eletrodos acoplados que coletam sinais do cérebro. segundo o engenheiro biomédico Bin He, líder do estudo, pensamentos de um movimento, como subir, descer ou virar para um dos lados, levam os neurônios do córtex motor a emitir minúsculos sinais elétricos, que são enviados a um computador. Esses sinais são então decodifi cados e remetidos a um sistema wi-fi para controlar o quadricóptero.o invento, ainda em fase de testes, será muito útil para pessoas com defi ciências físicas, acreditam seus criadores.

 

Câncer milenar

O câncer metastático (que se espalha pelo c rpo) já fazia vítimas há 3.200 anos, afirmam arqueólogos britânicos. Com o apoio de radiografi as e imagens de microscópio eletrônico de varredura, eles examinaram o esqueleto de um homem numa tumba antiga do sudão e constataram que a doença causou tumores nos ossos da clavícula, omoplatas, braços, vértebras, costelas, pélvis e coxas. A mais antiga vítima de câncer metastático já descoberta tinha entre 25 e 35 anos e pode ter morrido em função de fatores genéticos, contato com carcinógenos como fumaça de queimadas ou infecção por esquistossomose.

 

Supervírus ressuscitado

A temível caixa preta do permafrost, o solo congelado siberiano, não se limita ao metano. Cientistas franceses e russos relataram na edição de fevereiro da revista Proceedings of the National Academy of Sciences a descoberta de um vírus gigante, grande como uma bactéria, que permaneceu 30 mil anos adormecido numa amostra de solo de permafrost retirada no ano 2000. Examinado em laboratório, o micro-organismo, denominado Pithovirus, infectou e matou amebas, mas não afeta animais ou humanos. A descoberta deixou um alerta: o degelo do permafrost também pode liberar vírus antigos ou erradicados, como os dos neandertais ou o da varíola, para os quais os humanos não estão preparados.

 

Vagidos do universo

Mais uma vez, Einstein acertou. Na teoria da relatividade, o físico disse que ondulações do espaço-tempo, as ondas gravitacionais primordiais, levaram o recém-nascido universo a expandir-se de maneira extremamente rápida, num processo denominado “inflação cósmica”, há cerca de 14 bilhões de anos. A detecção dessas ondulações, chamadas de ecos do Big Bang e consideradas um item crucial para se entender as origens do universo, foi anunciada em março por um grupo de cientistas no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, em Washington. A descoberta foi feita com o uso do Bicep2 , um telescópio no Polo Sul criado para medir a radiação cósmica de fundo em micro-ondas, a luz produzida logo após o Big Bang. Os pesquisadores encontraram evidências robustas de uma distorção nessa luz  que só poderia ter sido feita pelas ondas gravitacionais. A novidade pode ser a aurora de uma nova era na física.

 

Energia oculta

O Brasil poderia gerar 11 mil megawatts de potência elétrica (quase uma Belo Monte) simplesmente reformando as hidrelétricas já instaladas, propõe a engenheira Elisa de Podestá Gomes. Em sua tese de mestrado, defendida na Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, Gomes diz que a repotencialização (modernização da estrutura de geração com a adoção de novos equipamentos) ampliaria ampliaria em 6 mil MW a potência de 43 usinas erguidas há 30 anos. Outros 5 mil MW viriam do aproveitamento de 12 “poços” (os espaços no muro da barragem deixados para a instalação de geradores não instalados), identificados em 12 hidrelétricas no país. Vantagens da ideia: custos incomparáveis aos de uma nova construção  muito menor impacto socioambiental. Basta de desperdício.