Superlotação na espaçonave Terra

Durante 20 anos, os cientistas acreditaram que a terra atingiria em 2050 o teto de 9 bilhões de habitantes, número preocupante para um planeta que hoje, com 2 bilhões de pessoas a menos, já não consegue repor o que tira da natureza. Uma pesquisa da Universidade de Washington (eUa) e da onU, divulgada em setembro pela revista Science, mostra um quadro pior. Segundo o novo estudo, que usa modelos sofi sticados de projeção, há pelo menos 80% de chances de que em 2100 a população global se situe entre 9,6 bilhões e 12,3 bilhões de pessoas. a África responderá pela maior parte do aumento. Só a região subsaariana deverá quadruplicar sua população, de 1 bilhão para 4 bilhões, devido aos altos níveis de fertilidade e às tradições culturais que estimulam a formação de famílias numerosas. a Ásia deverá chegar a 5 bilhões de habitantes, número que diminuirá a partir daí. a américa do norte e a europa terão queda na população. a américa do Sul deverá subir dos atuais 390 milhões para 467 milhões em 2100. a pesquisa impõe uma urgência mais grave ao enfrentamento de questões como mudança climática, pobreza, fome e controle de doenças.

Periferia galáctica

A última revisão sobre a localização astronômica da terra reforça a sua insignifi cância cósmica. a partir de dados sobre as posições e os movimentos de mais de 8 mil galáxias e a expansão do universo, cientistas da universidade do havaí descobriram que a Via Láctea, à qual o sistema solar pertence, integra um enorme aglomerado de 100 mil grandes galáxias que se estende por 520 milhões de anos-luz, ao qual denominaram Laniakea (“céu imensurável”, em havaiano). a Via Láctea (o pontinho vermelho na imagem ao lado) está numa das extremidades, perto do superaglomerado perseu-peixes. os superaglomerados, as maiores estruturas do universo, movem-se numa só direção. Laniakea, por exemplo, ruma para um superagloramerado vizinho, shapley. No próprio superaglomerado também há movimentação de galáxias. É o caso da Via Láctea: ela viaja 600 quilômetros por segundo na direção da constelação do centauro. o estudo foi publicado em setembro na Nature.

Equação da felicidade

A felicidade pode ser prevista por uma fórmula matemática, afirmam cientistas do university college em Londres. eles propuseram a 26 voluntários tarefas que envolvem tomar decisões e implicam ganhos ou perdas monetárias. Questionários e medições da atividade neuronal dos participantes durante a experiência avaliaram a felicidade sentida. os dados reunidos originaram um modelo, testado em 18.420 pessoas, no qual a felicidade está ligada a recompensas e expectativas recentes. o balanço fi nal mostrou que, nessa área, resultados superiores às expectativas têm impacto positivo na felicidade. em outras ocasiões, como combinar um almoço com um amigo num restaurante favorito, a simples expectativa do encontro já aumenta a felicidade. para os cientistas, a fórmula, apresentada em agosto na revista pNas, pode ajudar na compreensão dos transtornos de humor.

O Japão encolhe

A população japonesa, que começou a cair a partir de 2004, é a que está envelhece mais rapidamente no mundo. A taxa de natalidade de 1,39, uma das mais baixas do planeta, é um dos principais fatores que justificam o encolhimento. O governo do país tem procurado abordar o assunto de vários ângulos, e um dos estudos mais recentes indica que 896 municípios, ou 49,8% do total do país, poderão desaparecer até 2040. Desses, 523 cidades, cujas populações são inferiores a 10 mil habitantes, estão em situação mais crítica e poderão extinguir-se nas próximas décadas. Os jovens preferem procurar trabalho em cidades grandes, onde é muito caro manter-se e conseguir creches para os eventuais filhos. Veja os números do drama populacional do país.

>Mais de 22% dos japoneses têm pelo menos 65 anos de idade.
> O Japão perdeu 244 mil habitantes em 2013, mais ou menos que a população de Palmas (TO ).
> Se nada for feito para mudar o quadro, a população atual, de 127 milhões de pessoas, cairá para 87 milhões em 2060, dos quais cerca de 40% terão pelo menos 65 anos de idade. Em 2110, a população encolherá para 42,9 milhões de pessoas.
> Estuda-se incentivar a imigração de 200 mil estrangeiros por ano para o país. Se a taxa de fertilidade das japonesas subir do atual 1,39 (uma das mais baixas do mundo) para 2,07, a quantidade de imigrantes proposta e os novos nascimentos estabilizarão a população em 100 milhões de habitantes.
> Se, porém, a taxa de fertilidade não subir, a ONU calcula que o Japão precisará de 650 mil imigrantes por ano. Atualmente, apenas 2% da população do país é composta por estrangeiros.

Dieta cerebral

Passar anos à base de uma dieta altamente calórica seria visto como um caso nutricional perdido, mas uma pesquisa mostrou que isso pode ser mudado. Cientistas da Universidade Tufts (EUA) selecionaram 13 pessoas obesas ou com sobrepeso e as submeteram a dois exames de ressonância magnética por imagem, feitos com intervalo de seis meses. Nos exames, enquanto os escolhidos viam fotos de comidas saudáveis e não saudáveis, seu fluxo sanguíneo na área cerebral ligada à recompensa era monitorado. Oito participantes foram inscritos no programa iDiet, criado por Susan Roberts, do Centro de Pesquisa de Nutrição Humana no Envelhecimento do Departamento de Agricultura dos EUA (situado na própria Tufts), enquanto os demais comeram o que quiseram. O iDiet não proíbe pratos como lasanha, mas estimula o uso de ingredientes saudáveis, como trigo integral, e de substitutos menos gordurosos, tudo a fim de cortar entre 500 e 1.000 calorias por dia. O segundo exame revelou mudanças nos circuitos cerebrais dos participantes do programa, que perderam em média 6,4 quilos cada um, enquanto os demais ganharam 2,7 kg. O estudo saiu em setembro na Nutrition & Diabetes, e a universidade pretende testar outros tipos de dieta em outubro. 

Sacolas banidas

Estado americano mais avançado em termos de legislação ambiental, a Califórnia aprovou em setembro uma lei pioneira no país que proíbe o uso de sacolas plásticas descartáveis em seu território. Pelo cronograma da medida, as sacolas serão banidas do comércio de venda de alimentos e remédios a partir de 1º de julho de 2015, e dos pequenos mercados e lojas de bebidas a partir de 1º de julho de 2016. Todos esses pontos comerciais poderão vender aos clientes sacolas de papel ou de outro material reciclável ao custo de US$ 0,10 (cerca de R$ 0,23) a unidade. 

Clima descontrolado

Os alertas não têm adiantado: segundo um estudo divulgado em setembro pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), a expansão dos gases-estufa na atmosfera registrou o maior salto em 30 anos. Além disso, a taxa de dióxido de carbono (CO 2) no ar chegou no ano passado a 396 partes por milhão, um aumento de 2,9 partes por milhão entre 2012 e 2013 – o maior índice anual desde 1984. Os números indicam que, enquanto as emissões de CO 2 continuaram a aumentar, sua absorção pela atmosfera foi menor. Como fator de preocupação adicional, a taxa de acidez dos oceanos em 2013 foi a maior em 300 milhões de anos, com reflexos sérios na vida marinha. “O tempo está se esgotando e sabemos sem sombra de dúvida que nosso clima está mudando por causa das atividades humanas”, afirmou na ocasião o secretário- geral da OMM, Michel Jarraud.