Túnel secreto em Teotiuacan

Pesquisadores do Instituto Nacional de Antropologia e História, da Universidade Nacional do México, anunciaram a descoberta de mais de 50 mil objetos num túnel secreto debaixo das ruínas de Teotihuacán (veja o traçado na imagem ao lado) a 50 quilômetros da capital mexicana. O complexo subterrâneo, na área da Pirâmide da Serpente Emplumada, abrange três câmaras e o túnel com mais de 100 metros de comprimento. Entre os objetos imediatamente encontrados destacam-se quatro esculturas decoradas com joias de jade. Segundo o arqueólogo Sergio Gómez, líder do projeto, as esculturas, com até 65 centímetros de altura, estavam voltadas para o ponto mais alto da pirâmide. Na entrada das câmaras havia oferendas, como conchas marinhas, o que sugere que o túnel seria provavelmente um túmulo de antigos governantes. Teotihuacán foi uma das maiores cidades do mundo entre os séculos I e III d.C. Segundo Gómez, se for confirmado que o túnel é uma tumba real, essa será uma das maiores descobertas arqueológicas do século XXI.


 


Estátuas de pedra com ornamentos de jade, de até 65 cm de altura, encontradas dentro do túnel.


Conchas marinhas depositadas como oferendas no fundo do túnel de 103 metros de comprimento.
 

Antes tarde do que nunca

Os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Barack Obama assinaram um acordo climático histórico, em Pequim, em 12 de novembro, para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. A China, o maior poluidor do mundo, se comprometeu a reduzir as emissões a partir de 2030, mostrando a intenção de atingir metas mais cedo. Também se dispôs a mudar sua matriz energética e produzir 20% da energia de fontes limpas. Já os Estados Unidos se comprometeram a reduzir as emissões entre 26% e 28%, em relação aos níveis de 2005. Juntos, os dois países produzem 45% das emissões globais de GEE. O acordo desbloqueia as negociações climáticas e abre espaço para um novo tratado mundial na próxima Conferência do Clima de Paris (COP-21), em novembro de 2015. 


Obama e Xi Jinping: convergência climática

 

Árvore tecnológica

Um tipo de árvore poderá prosperar em qualquer grande cidade do mundo, independentemente do clima: é a eTree, criada pela Sologic, startup israelense voltada para energias renováveis. Com tronco de metal e “folhas” de painéis solares, a árvore tecnológica, desenhada pelo artista Yoav Ben-Dov, não oferece apenas sombra. Ela conta com uma fonte, serviço de internet sem fi o, pontos para carregar baterias e iluminação de LED à noite. A primeira eTree foi lançada em outubro em um parque perto da cidade de Zichron Ya’akov, no norte de Israel. 

 

Azeite de oliva no coração

O azeite de oliva pode reverter “imediatamente” a insuficiência cardíaca de um paciente, afirmam pesquisadores da Universidade de Illinois (EUA ). Segundo eles, o ácido oleico, gordura encontrada no azeite, ajuda um coração com problemas a bombear sangue de modo mais eficiente e a usar gordura corporal como combustível. Esse ácido estimula o coração a produzir enzimas capazes de quebrar moléculas de gordura que, se deixadas intactas, se acumulam e entopem artérias. O estudo, publicado em setembro na revista Circulation, reforça pesquisas anteriores que afirmam que uma dieta rica em azeite de oliva pode ter efeito semelhante ao das estatinas na redução do risco de ataque cardíaco.

Nazista no fundo do Atlâtico 

A Segunda guerra Mundial chegou bem mais perto da parte continental dos Estados unidos do que se imagina. após uma busca de seis anos, a agência norte-americana administração oceânica atmosférica Nacional (Noaa, na sigla em inglês) anunciou, em outubro, a descoberta de um submarino alemão e de um cargueiro nicaraguense, o Bluefi elds, afundados a 48 km do Cabo Hatteras, na costa da Carolina do Norte. o cargueiro integrava um comboio de 19 navios que levavam insumos de guerra da virgínia à flórida atacado em 15 de julho de 1942 pelo submarino u-576. a embarcação nazista afundou o Bluefi elds e danifi cou outros dois navios, mas foi atingida por um avião da Marinha dos Eua e um cargueiro armado e também foi a pique. Não houve baixas do lado americano, mas todos os ocupantes do u-576 morreram, depois de uma dura batalha. o local do naufrágio é considerado hoje cemitério marinho. os sonares da Noaa fotografaram o Bluefi elds (foto azul) e o u-576, a cerca de 220 metros de distância. o submarino está praticamente intacto no fundo. os pesquisadores não sabem se conseguirão ter acesso à nau e identificar os mortos. 


O U-576 nos bons tempos, no Mar Báltico da Alemanha.

Fotos de sonar das embarcações afundadas:

 

Curiosidade produtiva 

Um estudo da Universidade da Califórnia em Davis (EUA) mostra que a curiosidade é importante no aprendizado. Imagens dos cérebros de universitários revelaram que ela estimula a atividade cerebral do ormônio dopamina, que parece fortalecer a memória das pessoas. A dopamina está ligada à sensação de recompensa, o que sugere que a curiosidade estimula os mesmos circuitos neurais ativados por uma guloseima ou uma droga. Na média, os alunos testados deram 35 respostas corretas a 50 perguntas sobre temas que os deixavam curiosos e 27 de 50 questões sobre assuntos que não os atraíam. Estimular a curiosidade ajuda a aprender.

 

Refrigerantes perniciosos

A lista de malefícios causados pelo consumo de refrigerantes com açúcar  foi ampliada por cientistas da Universidade da Califórnia. Segundo um estudo publicado na revista American Journal of Public Health, quem toma essa bebida diariamente envelhece mais cedo. Os telômeros, as estruturas que protegem a extremidade dos cromossomos e encurtam com o passar dos anos, fi cam ainda menores com esse nível de consumo. O estudo revelou que a ingestão diária de até 350 mililitros de refrigerante açucarado signifi ca aproximadamente 4,6 anos a mais de envelhecimento biológico. O estrago é comparável ao causado pelo tabagismo.

 

Pouso histórico

Não foi sem sustos, mas a Agência Espacial Europeia (ES A, na sigla em inglês) conseguiu um feito histórico: pôr um artefato terrestre na superfície de um cometa. Às 16h03 de 12 de novembro (horário GMT), o robô Philae pousou no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, sete horas após desligarse da sonda-mãe Rosetta. Apesar de enfrentar problemas no sistema de pouso, detectados horas antes, a nave, do tamanho de uma máquina de lavar roupas, fixou-se à superfície por meio de arpões lançados das suas pernas. Sua missão é, durante no mínimo três semanas (e no máximo seis  meses, dependendo da disponibilidade de combustível), coletar amostras do solo, fazer análises e tirar fotos do núcleo do cometa. Os dados colhidos vão ajudar os cientistas na discussão de um tema fundamental: a vida teria chegado ao nosso planeta pelo bombardeio de cometas como o 67P?


Primeira foto do solo do cometa. Um dos pés da sonda aparece no canto esquerdo inferior.

 

Skate voador

A trilogia De Volta para o Futuro continua a ser pura ficção, mas o skate voador usado por Marty McFly no segundo filme da série começa a dar o ar de sua graça. Os quatro motores arredondados do americano Hendo Hover criam um campo magnético que “literalmente se empurra contra si mesmo, gerando a força que faz a prancha levitar sobre o chão”, afirmam seus inventores. O grande senão, por ora, é que a levitação só ocorre sobre superfícies compostas por condutores não ferromagnéticos, mas os criadores da engenhoca trabalham para que ela funcione sobre ligas mais baratas. Eles buscam arrecadar US$ 250 mil num site de vaquinha coletiva para poderem fazer mais pesquisas e fabricar o aparelho, e esperam que a tecnologia, um dia, possa separar prédios do chão na ocorrência de terremotos. 


O Hendo Hover segue a pista do filme De Volta para o Futuro.

 

Genes da violência

Um estudo fi nlandês recente associa dois genes a crimes violentos, reforçando a possibilidade de haver uma base biológica para a criminalidade mais grave. Segundo os pesquisadores, entre 5% e 10% dos casos desse tipo de crime podem ser atribuídos aos dois genes. um deles, o da monoamina oxidase a (Maoa), que degrada o neurotransmissor dopamina, predomina, na versão menos ativa, em pessoas que cometeram dez ou mais delitos graves comparados aos demais habitantes do país. o outro, a caderina 13 (CdH13), relacionado à comunicação entre células cerebrais, já havia sido associado ao comportamento violento. os cientistas descartam, porém, qualquer determinismo em relação ao assunto, lembrando que 50% da população da finlândia tem o Maoa pouco ativo, mas apenas uma fração dela se volta para os crimes graves. o estudo saiu em outubro na revista Molecular Psychiatry.

 

Democracias gigantes

Quarta maior democracia do mundo, o Brasil não passa vergonha na hora de contar seus votos depositados em urnas eletrônicas. Embora a apuração das eleições de 26 de outubro tenha sido encerrada ofi cialmente no dia seguinte, já eram conhecidos na mesma noite os resultados de todos os pleitos. Nos Estados Unidos, os números das eleições de 3 de novembro também já eram basicamente conhecidos no fim daquela noite, mas variavam de emissora para emissora. Este ano, as eleições na Índia duraram seis dias, de 7 a 12 de maio, e os resultados saíram apenas no dia 16 daquele mês. Os indonésios conheceram seu novo presidente em 22 de julho, 13 dias depois da eleição. Veja o contingente de eleitores das quatro maiores democracias do planeta. Não é fácil contar tanto voto.

 

Bactérias antibióticas

Cientistas da Universidade de Lund (Suécia) descobriram que bactérias presentes em abelhas melíferas são uma alternativa aos antibióticos produzidos pelo homem. Usado por milênios no tratamento de infecções, o mel natural deve ter sua efi ciência ligada aos 13 tipos de bactérias ácido-láticas encontrados no estômago das abelhas, supõem os pesquisadores. Essas bactérias produzem uma grande quantidade de compostos antimicrobianos ativos, ausentes no mel industrializado. Os cientistas testaram as bactérias em microrganismos causadores de doenças em humanos, incluindo aqueles resistentes a antibióticos, e conseguiram controlar todas as infecções. A descoberta reforça a importância de proteger as abelhas, cuja população vem declinando provavelmente pelo uso de pesticidas. 

 

Ar mais limpo

Os moradores de cidades americanas têm razões para comemorar: os índices de poluição do ar caíram muito, em média, se comparados aos de 1990. O benzeno, presente na gasolina, despencou 66% desde então. O mercúrio, encontrado no carvão de termelétricas, apresentou queda de 60%. A redução mais notável foi a do chumbo, usado na fabricação de baterias para carros: 84%. As diminuições foram obtidas por meio de normas ambientais mais rígidas, o que não signifi cou queda do crescimento econômico do país, salienta Gina McCarthy, administradora da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês). Segundo ela, nos últimos 40 anos os EUA triplicaram seu produto interno bruto. 

 

Enigma brasileiro

Dois crânios de índios botocudos de Minas Gerais, guardados desde o século XIX no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, constituem o mais novo mistério da arqueologia brasileira. A análise completa do seu genoma, feita em outubro por um grupo liderado por cientistas dinamarqueses e brasileiros, revelou que os dois indígenas eram geneticamente 100% polinésios, sem nenhum traço dos povos asiáticos aceitos como os primeiros americanos. Segundo a hipótese de Clóvis (nome do sítio arqueológico no estado norte-americano do Novo México, onde foram encontrados vestígios humanos de 11.500 a.C.), eles teriam atravessado o Estreito de Bering (entre o Alasca e a Rússia), quando este constituía uma ponte natural de terra, entre os continentes americano e asiático, durante a última glaciação, e descido até a Patagônia. O exame constatou ainda que os crânios eram mais antigos do que se pensava: os dois botocudos viveram antes do ano 1800. As especulações sobre como eles teriam vindo parar aqui incluem tráfi co de escravos da Polinésia para o Peru, de Madagascar para o Brasil ou viagem como clandestinos em navios europeus. Mas um dos líderes do estudo, o dinamarquês Eske Willerslev, descarta essas ideias, baseado na idade dos índios. Para ele e seus colegas, o mais provável é que os botocudos tenham vindo diretamente da Polinésia para a América do Sul. O que é difícil explicar é como eles cruzaram os Andes.