Trégua no aquecimento

A temperatura média da Terra poderia ser ainda maior se os gases lançados à baixa estratosfera por pequenas erupções vulcânicas não estivessem resfriando o ar, afirma uma equipe internacional de cientistas. O volume de dióxido de enxofre emitido por essas erupções nos últimos 15 anos excedeu as expectativas dos pesquisadores, para quem apenas os gases expelidos pelos grandes vulcões atingiam
a estratosfera. Lá, o dióxido de enxofre se combina com o oxigênio e forma gotículas de ácido sulfúrico que podem ficar vários meses na atmosfera. Ali, elas refletem a luz solar, baixando as temperaturas – segundo o americano David Ridley, líder do estudo, a queda foi de 0,12°C no período. Mas ele alerta: “Este é apenas um breve intervalo. Podem ter certeza de que voltaremos à tendência prevista”. O estudo foi publicado em novembro na revista Geophysical Research Letters.

 

Carro emissão zero

A Toyota começou a vender em dezembro, no Japão, seu primeiro carro de rua movido a célula de hidrogênio, o Mirai (“futuro”, em japonês). O veículo, que converte hidrogênio e oxigênio em água enquanto gera eletricidade, com emissão zero de poluentes, deverá custar, de início, cerca de uS$ 68.000. A montadora irá comercializá-lo na Europa e nos Estados unidos a partir do fi m de 2015, ao preço estimado de uS$ 57.500. O Mirai tem autonomia de 650 quilômetros e leva três minutos para ser recarregado. O problema é onde abastecer: há apenas algumas dezenas de postos de hidrogênio no mundo. Mas a Toyota confi a no pioneirismo e acredita que no futuro esse tipo de veículo se popularizará. A honda e a hyundai também já trabalham em carros similares.

 

Ministério da ioga

Sistemas milenares de conhecimento, a ioga e a medicina ayurvédica ganharam status especial no governo do primeiroministro indiano Narendra Modi. Ele anunciou a criação de um ministério de ioga e medicinas tradicionais em novembro, em meio a uma ampla reformulação administrativa. Comandado pelo ex-ministro do Turismo Shripad Naik, o ministério vai promover as práticas espirituais da Índia, além de sistemas terapêuticos tradicionais, como as medicinas ayurveda, unani e siddha. Vegetariano e iogue, Modi quer divulgar internacionalmente os conhecimentos hindus, e em setembro propôs, em discurso na ONU, a criação de um dia mundial da ioga. 

 

Escravos modernos

A escravidão segue firme e forte no mundo, informa um levantamento da organização não governamental australiana e Walk Free Foundation (WFF). A entidade, que publica anualmente um índice de escravidão global, diz no relatório de 2014 que melhoras na metodologia e na coleta de informações resultaram em números 23% maiores do que no ano anterior. Segundo a pesquisa, feita em 167 países, mais de 35 milhões de pessoas estão submetidas a alguma forma moderna de escravidão, como trabalho forçado, tráfico humano, casamentos forçados, servidão por dívidas ou exploração sexual. Cinco países respondem por 61% dos modernos escravos, mas eles podem ser encontrados em todos os países do estudo. Conheça a seguir quem se destaca nessa triste estatística. 

 

Floresta Metropolitana 

O condomínio Bosco Verticale (Bosque Vertical), situado perto do centro histórico de Milão, na Itália, ganhou o International Highrise Award (o Nobel da arquitetura dos arranha-céus) de 2014, graças à sua consciência ambiental. Organizado pelo Museu de Arquitetura de Frankfurt, na Alemanha, o prêmio consagrou a obra dos arquitetos Stefano Boeri, Gianandrea Barreca e Giovanni la Varra, composta por duas torres, com 80 e 112 metros de altura, que lembram troncos de árvores, dos quais os apartamentos afloram como “galhos” pontuados por “ramos” e “arbustos”. “É uma casa de árvores onde moram humanos”, resume Boeri. Conceber essa forma de conciliar o homem e a natureza em uma metrópole não é fácil. As árvores, por exemplo, são amarradas numa rede de ferro soldada na estrutura, capaz de resistir ao vento, e distribuídas pelas fachadas em tanques especiais de terra, projetados a partir de testes em túneis de vento. Uma central computadorizada cuida da irrigação. Os arquitetos italianos esperam que o projeto crie uma nova tendência urbana.

 

Rato transparente

Se a pele e os tecidos dos órgãos dificultam o trabalho dos cientistas, eles certamente descobrirão como contornar o obstáculo. No caso de ratos de laboratório, o Instituto Riken, do Japão, já conseguiu: em novembro, a instituição divulgou uma foto de um animal descolorizado na qual alguns órgãos aparecem brilhando pela ação de uma proteína fluorescente. Os cientistas chegaram a esse resultado por meio de um método que remove totalmente a cor dos tecidos. A novidade vai permitir examinar órgão por órgão, ou até o corpo inteiro do animal, sem ter de cortá-lo, como se faz atualmente. Desse modo, os pesquisadores terão uma visão mais ampla do problema em estudo. 

 

Sistema solar no berço 

Cientistas conseguiram a mais clara foto já feita da formação de um sistema solar, ao redor da jovem estrela hL Tau (de menos de 1 milhão de anos de idade), a 450 anos-luz da Terra. A imagem, obtida por um conjunto de radiotelescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), no deserto de Atacama, no Chile, mostra um disco brilhante repartido em anéis concêntricos. Cada um dos anéis escuros demarca a futura órbita de um planeta. Segundo Tim de Zeeuw, diretor-geral do ESO, a foto vai ajudar a compreendermos melhor a formação da Terra, há 4,5 bilhões de anos. “A maior parte do que sabemos sobre a formação de planetas hoje é baseada em teoria”, afirma. “imagens com esse nível de detalhe eram relegadas até hoje a simulações de computadores ou concepções artísticas.”

 

Chocolate melhora a memória

As catequinas, compostos presentes no chocolate, no chá e em várias frutas e vegetais, revertem a perda de memória em adultos sadios com idade entre 50 e 69 anos, afi rmam cientistas da universidade de Colúmbia (EuA). Elas aumentam o fl uxo sanguíneo no giro denteado (área cerebral ligada à memória), rejuvenescendo-o. Durante três meses, os cientistas serviram diariamente uma bebida de chocolate a 37 pessoas. Parte delas tomou o líquido com altas doses de catequinas, enquanto as demais ingeriram uma versão praticamente sem elas. Segundo o neurologista Scott Small, líder do estudo, os participantes que no início tinham a memória de uma pessoa típica de 60 anos e consumiram catequinas atingiram no fi m um grau de memória semelhante, em média, ao de pessoas com idade entre 30 e40 anos. A pesquisa foi publicada em outubro na versão online da nature neuroscience.  

 

Bolsa-bebê italiana 

Às voltas com um baixíssimo índice de natalidade – 515 mil nascimentos em 2013, 12 mil a menos do que o recorde negativo anterior, de 1995 –, o governo da Itália decidiu dar mais uma ajudinha aos habitantes que quiserem ter fi lhos. As mães de bebês nascidos a partir de 1º de janeiro de 2015 receberão mensalmente um bônus de € 80 até que as crianças completem 3 anos. Não há limite de renda para receber o benefício, segundo o primeiro-ministro, Matteo Renzi. O governo prevê ainda gastar cerca de € 500 milhões por ano com o estímulo para os italianos fazerem bebês e melhorar a taxa de natalidade de 0,49%. Veja, abaixo, os países em crise demográfica. 

 

Vampirismo de mosquito

cienti stas da universidade Rockfeller, em Nova York, descobriram por que o homem atrai insetos sugadores de sangue. Durante milhares de anos, esses animais aprenderam que o sulcatone, um vapor químico presente no odor exalado pela pele humana, indica que perto deles há uma fonte de alimento preferível em relação a outras possibilidades. O estudo mostrou que insetos de corpo negro que se alimentam do sangue de animais peludos em fl orestas não mostram preferência pelo sulcatone, mas insetos de corpo marrom que vivem ao redor de aldeias na África são muito atraídos por ele. “Sabíamos que esses mosquitos evoluíram para amar o modo como cheiramos”, afi rma leslie vosshall, que liderou o estudo, publicado em novembro na revista Nature. “propiciamos um esti lo de vida ideal para esses mosquitos; sempre temos água por perto para eles procriarem, não temos pelos e vivemos em grandes grupos.”