Washington é o primeiro estado dos EUA a legalizar a compostagem humana – também conhecida como “cremação líquida”. A lei aprovada no final de maio com amplo apoio bipartidário na Câmara (80 a 16 votos a favor) e no Senado (38 a 11) foi sancionada pelo governador Jay Inslee e entra em vigor em 2020. O projeto SB 5001 que deu origem a tudo foi proposto por Katrina Spade, criadora da Recompose, empresa especializada em enterros sustentáveis.

Agora está permitido, portanto, que os corpos sejam decompostos ​​naturalmente no solo, gerando terra fértil que pode nutrir o planeta sem ocupar espaço em cemitérios lotados e repletos de pesticidas. A prática é natural, segura, sustentável, minimiza grandemente as emissões de carbono e custa bastante menos do que os únicos métodos legais até então – a cremação e o enterro.

No final da compostagem, que costuma levar cerca de um mês, os entes queridos recebem cerca de dois carrinhos de mão de solo, que pode ser usado para plantar flores, vegetais ou árvores. O processo de compostagem humana já é legal na Suécia, e enterros naturais – onde o corpo está enterrado sem um caixão ou com um caixão biodegradável – são legais no Reino Unido.

Além do adubo humano, a mesma lei também autoriza outra técnica: a hidrólise alcalina, que dissolve os tecidos corporais com uma mistura de hidróxido de potássio e água, a altas temperaturas. Em apenas duas horas, o corpo fica reduzido aos ossos.

Para a norte-americana Elizabeth Fournier, do Oregon, que já oferece caixões de tecido há quase duas décadas para famílias de baixa renda, a iniciativa de Washington é um grande passo que pode influenciar todo o país. Suas urnas biodegradáveis são feitas a partir de trapos, farinha e água e se tornou um negócio há 14 anos, quando abriu a Cornerstone Funeral Services.

Caixão de tecido criado por Elizabeth Fournier que promove “enterros verdes”

Recentemente ela também lançou um livro “The Green Burial Guidebook: Everything You Need to Plan an Affordable, Environmentally Friendly Burial” (O Guia do Enterro Verde: Tudo o que você precisa saber para planejar um enterro acessível e ecologicamente correto, em tradução livre).

‘”A redução orgânica natural e a conversão de restos humanos em solo serão abertas na área de Seattle no final de 2020, e será a primeira instalação no mundo onde isso será oferecido ao público”, adiantou Fournier à GNN. “É muito emocionante. Até lá, haverá um grande esforço para divulgar e melhorar a sustentabilidade, a conscientização e o significado de tudo isso.” Ela fala com naturalidade e empatia sobre essa tarefa, que considera bonita, regenerativa e realmente alinhada com os ciclos da natureza.